quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Alguns jogos realizados por pessoas com PC

Boccia
Um jogo de "atirar bola ao ar"
História do Boccia

Os primeiros sinais de existência deste jogo remontam a alguns séculos antes de Cristo, a um túmulo de um jovem faraó egípcio onde foram descobertas 2 bolas de pedra um pouco maiores que as bolas de ténis, próximas de uma bola mais pequena que deveria ser usada como bola alvo.
A este primeiro testamento histórico juntar-se-á mais tarde o contributo dos gregos e dos romanos ao jogarem este jogo, agora com bolas em pele. O Boccia chegou mesmo a fazer parte dos jogos olímpicos dos gregos, como forma de divertimento, identificando-se como um jogo de "atirar bola ao ar".
Há também dados da introdução do jogo na costa florentina no séc. XVI pela aristocracia italiana mas tudo aponta no sentido de terem sido os romanos que trouxeram o jogo do sul de França na qual ainda hoje se pratica a conhecida petanca.
Assim durante séculos as pessoas juntaram-se nas ruas, nos parques, jardins para jogar Boccia sobre vários nomes: bochs, boulle, petanca, bowling e outros.
O Boccia enquanto modalidade para os sujeitos com Paralisia Cerebral teve a sua implantação e desenvolvimento nos últimos 20 anos assumindo o papel de grande interesse para a reabilitação do deficiente a nível recreativo e competitivo.
Na verdade o jogo tem sofrido um desenvolvimento fantástico, a nível técnico e táctico, com número crescente dos participantes, número e diversidade de competições, e material utilizado.

O Boccia foi introduzido em Portugal em 1983 aquando da realização do 1º curso de Desporto para Deficientes com Paralisia Cerebral. No ano seguinte integrou o calendário competitivo do Campeonato Nacional para a paralisia Cerebral como modalidade de demonstração.

A partir desta altura houve diversas com o objectivo de sensibilizar e divulgar o jogo pelo país, tais como a sua introdução nas aulas de Educação Física, acampamentos, jogos experimentais e provas de âmbito local e regional.
Em 1988 foi reconhecido como modalidade Paralímpica. Hoje em dia, em Portugal, o Boccia é uma das modalidades com maior número de praticantes no que diz respeito à população com Paralisia Cerebral tendo vindo a aumentar um pouco por todo o mundo.
Actualmente realiza-se a nível nacional, o Campeonato Nacional por zonas, a Fase Final e o Campeonato de Portugal. A nível internacional temos os Campeonatos da Europa e do Mundo , a Taça do Mundo e os Jogos Paralímpicos.


Classificação

O Boccia como modalidade desportiva destina-se a indivíduos portadores de deficiência motora grave (P.C. ou outra) correspondente a grandes incapacitados divididos nas seguintes classes :
  • BC1 – São tetraplégicos com pouca amplitude de movimento funcional e pouca força funcional em todas as extremidades e tronco. Dependem de um acompanhante para ajustar ou estabilizar a cadeira ou para lhe dar a bola.
  • BC2 – São tetraplégicos com pouca força funcional em todas as extremidades e tronco, mas com capacidade para propulsionar a cadeira de rodas.
  • BC3 – São indivíduos com muitas dificuldades na preensão da bola e sem força funcional para fazer um lançamento para dentro de campo. Utilizam calhas para fazer o lançamento. Nesta classe estão incluídas outro tipo de deficiências com as mesmas características funcionais.
  • BC4 – Estão incluídos os indivíduos portadores de deficiência motora com limite funcional superior idêntico à BC2.
O Jogo

O objectivo do jogo é a marcação do maior número de pontos através do lançamento de séries de 6 bolas em direcção a uma bola alvo.
As bolas em número de 13 são: uma de cor branca que corresponde à bola alvo, 6 de cor azul e 6 vermelhas. As bolas são duras, mas revestidas a pele, possuindo a características de poderem ser agarradas e lançadas por pessoas com dificuldades de preensão.
O atleta pode lançar, pontapear ou usar um dispositivo auxiliar tipo goteira/calha para fazer rolar a bola.
É jogado numa superfície lisa e regular, num rectângulo de 12,5 x 6 m possuindo no topo 6 caixas de lançamento de 2,5m x 1m a partir das quais os jogadores executam os lançamentos.
O jogo inicia-se após sorteio por moeda ao ar para escolha das bolas. A primeira bola a ser jogada é a branca que será seguida de uma bola vermelha lançada pelo mesmo jogador.
O desenrolar do jogo é muito simples e assenta num principio quem está a perder (está mais longe da branca) é que joga a seguir. Assim quem joga a bola branca (e desde que esta fique dentro da zona válida de campo) lança também a primeira bola de cor, a seguir joga o outro lado e depois joga sempre quem está a perder.


Slalom

Modalidade praticada quase desde o início do aparecimento do desporto para a paralisia cerebral há mais de 10 anos que não é praticada com regularidade. Neste momento, graças às alterações introduzidas e ao empenho da federação espanhola estamos em fase de relançamento da modalidade.
O slalom é uma corrida de obstáculos em cadeira de rodas, tipo gincana, combinada por três percursos distintos.
Este desporto encarrega-se de "criar" problemas de forma artificial, voltas, mudanças de direcção, rampas, etc., que exigem ao praticante rapidez, coordenação, força e técnica para o fazer no menor tempo possível e cometendo o menor número de erros, havendo penalizações de 3 segundos (pisar riscos e toques nos pinos) e 5 segundos (derrubes dos pinos) e desqualificações por erros nos percursos.
Pode ser disputado individualmente ou colectivamente em equipas de 4 elementos (estafetas).
Em termos competitivos, é praticado apenas por atletas com paralisia cerebral e utilizadores de cadeiras de rodas manuais ou eléctricas. Estão divididos em 5 classes desportivas consoante a funcionalidade motora:
  • D1: Atletas com afectação severa. Incapazes de mover funcionalmente uma cadeira de rodas manual. Dependentes de uma cadeira de rodas eléctrica. (CP1)
  • D2: Afectação de severa a moderada. Pobre força funcional em todas as extremidades e tronco, mas capazes de movimentar a cadeira de rodas com os braços. (CP2U)
  • D3: Afectação de severa a moderada. Pobre força funcional em todas as extremidades e tronco, mas capazes de movimentar a cadeira de rodas com as pernas. (CP2L)
  • D4: Quadriplégia moderada ou hemiplégia severa. Bom controlo de tronco ao empurrar a cadeira, limitado por vezes pelo tonús extensor (CP3)
  • D5: Boa força funcional com limitação mínima ou problemas de controlo que se observam nas extremidades superiores e tronco (CP4).


Novo Formato da Competição
  • Competição Individual
    O slalom individual é composto por três provas combinadas:
    • Percurso fixa cronometrado com 8 obstáculos (4 quadrados, 1 oito, 1 rampa com 90º, 1 circulo, 1 porta de inversão), partida e chegada.
    • Corrida simultânea em paralela (um contra um) / prova por eliminatórias com 4 obstáculos (1 rampa, 1 oito, 1 porta de inversão, 1 quadrado), partida e chegada.
    • Percurso variável cronometrado com 8 obstáculos (os mesmos do percurso fixo, mas com uma ordem diferenciada).
    A classificação final combinada é dada por um somatório de pontos obtidos através da classificação das três provas.
  • Competição Extra Individual
    • Vencedor absoluto/Campeão dos Campeões, corrida simultânea em paralelo/prova por eliminatórias realizadas pelos vencedores de cada divisão e género.
      É utilizado um tipo de ponderação/sistema de handicaps, entre as classes e sexos diferentes, de forma a poderem competir todos contra todos, isto é, as classes funcionalmente superiores partem alguns segundos depois de ser dada a partida, segundo tabela pré-estabelecida.
  • Competição colectiva
    Colectivamente em equipas de quatro elementos, formadas livremente quer por divisão e/ ou género, realizam corrida simultânea em paralelo, em forma de estafeta (4x4) / prova de eliminatórias por equipas.
    É utilizado um tipo de ponderação / sistema de handicaps, segundo tabela pré-estabelecida, semelhante á da competição extra individual. Após o somatório dos handicaps individuais dos quatro elementos de cada equipa é feita a diferença dos totais entre elas, determinando qual a equipa mais funcional e quantos segundos partira depois.
    Cada elemento de cada equipa só pode partir após o seu colega anterior cortar a meta.
Com a prática de Slalom pretende-se, além de manter, conservar e desenvolver o potencial físico dos atletas, melhorar a autonomia e a funcionalidade da pessoa com paralisia cerebral no dia a dia; fomentando o uso das capacidades máximas da cadeira de rodas.

Em definitivo a prática desportiva, neste caso do Slalom, é uma opção de desenvolvimento físico e pessoal a partir do divertimento, do risco e do desafio que a actividade proporciona.


Zarabatana  


     A zarabatana é uma prática inspirada dos índios da Amazónia que pode ser proposta às crianças e adolescentes, incluindo também para aqueles que apresentam um quadro clinico motor grave (Paralisia Cerebral, tetraplégicos).
     Pequena e muito fácil de utilização, a zarabatana é apenas um tubo sendo considerada como um instrumento terapêutico extraordinário, podendo-se prescindir da utilização das mãos para conseguir expulsar setas em forma de agulhas e acertar num alvo colocado numa parede. A particularidade da sua concepção faz com que ela seja um dos materiais mais adaptados à tomada de consciência do sopro e aos progressos respiratórios. É um instrumento que serve também para terapia psicomotora, sendo ao mesmo tempo um óptimo meio lúdico para aprender a soprar, coordenar os movimentos, e aumentar os tempos de concentração. Esta actividade terapêutica tem como vantagem não necessitar de material muito elaborado nem de um espaço particular, sendo acessível à maior parte das instituições. A actividade exige um enquadramento seguro para ser praticada e os resultados são geralmente muito rápidos.
     É de realçar que os exercícios de sopro são diferentes e adaptados a cada criança. O acto de soprar serve igualmente para alterar as posturas "viciadas" através das sensações e da memória cinestésicas. A memória cinestésica elabora-se graças as referências visuo-espacias reforçado por uma correcção da postura. A expulsão espontânea, é sem dúvida um ponto forte, para continuar a experiência sem fracasso, ao prazer de soprar.
Em pé, sentado ou deitado
A zarabatana pode apresentar um interesse terapêutico, podendo ser praticada pela grande maioria das pessoas, tomando em conta:
  • O modo de evolução motora: podemos soprar na zarabatana em diversas posições: em pé, sentado numa cadeira, ou mesmo na sua própria cadeira manual ou eléctrica.
  • O grau de incapacidade motora, sabendo que um jovem com paralisia cerebral pode ser tão capaz como uma pessoa válida.

     A exigência requerida pode efectivamente ser o sopro. Mesmo para crianças com Paralisia Cerebral, com défices associados, ao conseguir um mínimo de sopro, esta actividade torna-se muito interessante. Até porque neste caso, os objectivos são diferentes podendo rapidamente progredir para uma fase seguinte.
     Existem vários comprimentos de zarabatana, sendo a mais usual no nosso grupo a de 63cm e 96cm. A zarabatana de maior comprimento facilita a pontaria mas em contrapartida requer mais energia para expulsar as setas. No entanto, a zarabatana mais pequena, facilita a expulsão através de um pequeno sopro mesmo que implique menos capacidade respiratória.
     O atirador deve coordenar a posição correcta da boca no bucal da zarabatana e efectuar um sopro espontâneo e rápido, sem que haja fuga de ar, tornando-se difícil mas não impossível para jovens com movimentos involuntários. Para este efeito, criou-se um suporte estável em forma de "H" ou em forma de tripé, constituindo apoios essenciais que permitam minimizar os movimentos motores involuntários, contribuindo também para elaboração de referências corporais. Tomando consciência que os resultados são muito rápidos, a zarabatana torna-se uma actividade desejada por todos.
Numa primeira fase é necessário um mínimo de sopro para poder praticar, definindo objectivos adaptados a cada um.
Quando soprar é brincar

     Na zarabatana a concentração é uma competência absolutamente primordial. Ela pode ser trabalhada e potencializada, precisamente num quadro de segurança, de confiança, de prazer, e de auto-controlo. Por vezes, adoptamos posições estratégicas na posição das crianças no espaço da sala para que estas não venham a ser distraídas, afastando-as de elementos perturbadores como estar perto das janelas, de um colega falador,etc.
     A concentração deve imperativamente estar presente em toda a sessão. A concentração promove-se desde o princípio, colocando o material à disposição (zarabatana, suporte, setas,...), e repetindo um certo ritual para a colocação da seta, o posicionamento do corpo, a inspiração até a constituição do próprio sopro e a memorização de um ponto no espaço.
     Interessante realçar que a actividade tem uma duração aproximada de 30 a 40 minutos, durante a qual efectuam 10 lançamentos de 6 setas. A permanência da postura, da coordenação, da visão e do sopro, permite trabalhar de uma forma consistente e activa a memorização e a concentração.
     Os resultados são por vezes subjectivos quando por exemplo consegui-se alcançar uma boa pontuação com setas espetadas e espelhadas em volta do ponto mais alto. Efectivamente, uma boa pontuação não é sempre sinónimo de êxito, da mesma maneira que, em sentido mais clínico, as dificuldades em manter uma concentração permanente resulta de um conjunto de variáveis que traduzem uma certa instabilidade psicomotora. O projecto de concretizar uma boa performance parte sempre em conseguir referências espaciais estáveis, traduzidas por uma conjugação de setas num espaço geográfico muito próximo. Neste sentido, a pontuação pode revelar-se baixa mas os objectivos foram alcançados. As exigências de um bom empenho encontra-se na regularidade e optimização dos lançamentos que nos informa entre outros sobre o estado da pessoa.
     Nesta actividade não há riscos, se tomar-mos em conta algumas precauções, como em todos os desportos de tiro e/ou lançamentos. Como tal, é fundamental criar uma zona de sopro na qual estão sentadas as crianças, e uma zona entre as zarabatanas e o painel de tiro sendo um espaço exclusivo para o psicomotricista que enquadra a actividade. O levantamento das setas, as indicações e a contagem dos pontos é apenas efectuada pelo adulto quando todos acabam de soprar as suas setas.
     Os mais independentes, podem colocar autonomamente as suas setas no bucal da zarabatana, sabendo que as zarabatanas contêm um sistema de anti-retorno das setas evitando o perigo de ingestão, e protegendo consequentemente aqueles que apresentam perturbações da coordenação como no caso de crianças com Paralisia Cerebral.
     A zarabatana proporciona resultados imediatos do sopro, e permite um trabalho de concentração interessante para o dominar. Sem perder o espírito lúdico desta actividade, ela serve de instrumento terapêutico em sessão programada semanalmente. Poder largar projécteis com maior precisão e maior regularidade para a realização de uma melhor performance pessoal constitui um desafio. Trata-se de preservar a sua integridade física e gerir melhor os recursos em função da deficiência, porque o prazer e o desejo de soprar faz progredir.

Jogos e softwares educativos e Cativantes!!!

Facilitar a aprendizagem de uma forma divertida e cativante, é um desafio que se levanta a todos os educadores, professores e terapeutas. O recurso a novas tecnologias e softwares adaptados  permitirá diminuir as dificuldades sentidas no dia-a-dia escolar. Como tal, deixamos aqui algumas sugestões.

E porque de forma lúdica os alunos aprendem muito melhor, clique aqui, para ver mais algumas sugestões.

Neste site também pode ver alguns jogos que podem ser utilizados nas aulas de Língua Portuguesa e de Matemática!


BOM TRABALHO PARA TODOS!!!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Tecnologias assistidas e materiais adaptados

O principal objetivo da Tecnologia Assistiva é: "Proporcionar à pessoa portadora de deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação da comunicação, mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, competição, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade."...

Capacete com Ponteira

Descrições do material
São aparelhos ou adaptações fixadas no corpo, que quando utilizados facilitam a interação da pessoa com Paralisia Cerebral com o computador.É uma haste que é fixada na cabeça para facilitar a digitação para pessoas com comprometimento de membros superiores.



 Pulseira de pesos
Descrição do material 
Algumas pessoas com Paralisia Cerebral apresentam movimentos involuntários de pequena amplitude ( atetose) em diferentes partes do corpo . Tais movimentos, quando presentes nos membros superiores podem dificultar o processo de digitação. A Pulseira de pesos é utilizada para reduzir esses movimentos.

Mascara de teclado (Colméia)
Descrição do material
Placa de plástico ou acrílico com perfurações correspondentes a cada tecla do teclado, que quando fixada a uma certa distância acima deste, tem por finalidade evitar que a pessoa que apresenta movimentos involutários pressione teclas indesejadas . 

Teclado Adaptado
Descriçao do material
Possui 7 (sete) lâminas que são adaptadas ao teclado tradicional. Além de substituem funções de uso do rato para pessoas com dificuldades motoras, essas lâminas podem auxiliar: no processo de alfabetização, na navegação na internet e no acesso a funções que exigem que se pressione duas teclas simultaneamente. O uso das lâminas poderá ser ajustado de acordo com a necessidade do usuário.

Switch Mouse
Descrição do material 
É um dispositivo que substitui a ação do rato  convencional através de 7 (sete) acionadores de toque simples, permitindo os movimentos direcionais do cursor, clique simples ou duplo e clique direito do  rato. Cada acionador é uma caixa independente podendo ser disposta conforme a habilidade/necessidade do usuário. Apresenta chave liga/desliga para a função arrastar.

Acesso pelo olhar

Descrição do material
Permite ao utilizador controlar o computador apenas por olhar para o ecrã, possibilitando que pessoas que tenham movimentos muito limitados consigam, por exemplo, comunicar de uma maneira independente utilizando software de comunicação existente no mercado.
 Brinquedos adaptados
Descrição do material
            Os brinquedos adaptados estão preparados para serem accionados usando um manípulo (ou switch), ou outro método de interacção indirecta.


          Standing frame

          Descrição do material        É um dispositivo que ajuda as pessoas que têm uma mobilidade reduzida, principalmente as que usam cadeiras de rodas. Rste aparelho oferece alternativas de posicionamento, nomeadamente na posição de pé proporcionando maior autonomia e participação em actividades diferentes.


        Adaptadores especiais para material escolar

        Descrição dos materiais
        Adaptador de lápis feito com arame maleável, comprado em lojas de material de construção.



Tesoura adaptada com arame revestido exige o movimento de fechar a mão.

        Podemos confeccionar adaptadores de lápis, pincéis, giz de cera, rolos para pintar e tubo de cola colorida, utilizando espuma grossa ou várias camadas de espuma fina.
 
        Suporte para afia em madeira.


     Mais um adaptador de Lápis, feito com bomba de sugar leite materno, encontrada em farmácias.



Bom Trabalho para todos!

O papel dos Encarregados de Educação

Os Encarregados de Educação podem proporcionar um ambiente que estimule a aprendizagem e a exploração.

Ajudando no exercício físico regular; no desenvolvimento de hábitos de higiene; utilização de materiais e utensílios que auxiliem a criança/jovem com Paralisia Cerebral (tais como: talheres especiais, auxiliares para vestuário, escovas de dentes próprias, entre outros).

 A Paralisia Cerebral é uma doença que dura toda a vida e geralmente requer uma adaptação e uma formação no sentido de atingir a auto-suficiência.

É necessário que exista um trabalho conjunto entre Técnicos e Encarregados de Educação, proporcionando uma diversidade de áreas, no sentido de desenvolver e elevar as capacidades gerais da criança/jovem com Paralisia Cerebral, assim como a sua qualidade de vida.

Ensino-Aprendizagem nas crianças com PC

O Processo Ensino-Aprendizagem deve ser organizado e estruturado de forma a privilegiar o desenvolvimento geral da criança ou jovem com Paralisia Cerebral.

Deve existir uma equipa de profissionais que trabalhem no sentido de suprimir as dificuldades da criança ou jovem.


A criança/jovem com paralisia cerebral deve beneficiar de áreas que possibilitem e auxiliem o seu desenvolvimento, tais como:


- Terapia da Fala – Para elevar a capacidade de expressão oral e de comunicação.


- Terapia Ocupacional – De forma a desenvolver aptidões úteis que lhes permitam desempenhar tarefas de rotina.


- Psicomotricidade – Para melhorar a adaptação ao mundo exterior, através do domínio do equilíbrio; controle da inibição voluntária e da responsabilidade; consciência do corpo; eficácia das diversas coordenações globais e segmentárias; organização do esquema corporal; orientação espacial; etc.


- Apoio Psicológico – Para acompanhar a criança/jovem durante o Processo Ensino-Aprendizagem ao nível psicológico.


- Fisioterapia – Através da utilização do exercício e técnicas de relaxamento; para ensinar a caminhar com o auxílio de canadianas muletas e outros aparelhos (como cadeira de rodas); para auxiliar a rotina diária da criança ou jovem.


- Áreas de Expressão – A Dança e Música podem auxiliar as crianças ou jovens a elevarem a sua coordenação, desenvolverem o tónus e força muscular, autoconfiança, etc. As actividades de Expressão Plástica, como a Pintura podem ajudar no desenvolvimento da motricidade, comunicação, etc.


- Actividades Aquáticas – O contacto com a água ou realização de exercícios dentro de água auxiliam um melhor funcionamento do sistema circulatório, respiratório, fortalecimento dos músculos, aumento do equilíbrio, relaxamento muscular, diminuição de espasmos, aumento da amplitude de movimentos, etc.


- Massagens – Aliviam espasmos e reduzem contracções musculares.


- Informática – A utilização do computador pode ajudar ao nível da comunicação, assim como ao nível da motricidade fina.


- Actividades da Vida Diária – Para trabalhar a higiene, segurança, entre outros.


A criança ou jovem com Paralisia Cerebral pode estar integrada no Ensino Regular ou Especial. Contudo, a criança/jovem deve beneficiar numa primeira instância de uma Estimulação Global e só posteriormente de uma Iniciação Académica.


O trabalho realizado pelos técnicos (Professor, Educadora, Psicóloga, Terapeutas, etc.), assim como a inter-acção de todas as áreas acima mencionadas deverão procurar elevar o nível Cognitivo; Autonomia Pessoal e Social; Comunicação; Psicomotor; Sócio-Afectivo; assim como desenvolver a área Sensorial-Perceptiva.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um verdadeiro gesto de Amor

Tratamento

     O tratamento em suas diferentes modalidades, envolve profissionais de várias áreas e a família. A PC não tem cura, mas seus efeitos podem ser minimizados. O objetivo principal deve ser promover o maior grau de independência possível.
     Estimulação do Neurodesenvolvimento
O principal objetivo é estimular o desenvolvimento de padrões funcionais de movimento através de experiências neurosensoriais. A estimulação cognitiva deve ter início em conjunto com a motora. Os estímulos a serem utilizados são selecionados, levando-se em conta as etapas do desenvolvimento e o interesse demonstrado pela criança. Sempre que possível, o programa é desenvolvido através de atividades integradas. Os pais aprendem os exercícios programados e como cuidar da criança em casa. A frequência dos retornos para acompanhamento, reavaliações e reorientações é estabelecida de acordo com as necessidades da criança e da família.
     Vários trabalhos demonstraram que um bom relacionamento afetivo pais-criança favorece o processo de desenvolvimento. Além disso, os programas de estimulação desenvolvidos por pais comprovaram ser mais efetivos. Entretanto, problemas emocionais, falta de conhecimento sobre o real significado de uma lesão cerebral irreversível e programas inadequados dificultam uma participação positiva. As informações devem ser levadas em linguagem simples e de forma gradual. O profissional que estiver coordenando o tratamento deve ter disponibilidade de tempo para ouvir e respeitar questionamentos, críticas e sugestões dos pais.
     Atividades Físicas
    Atividades físicas bem orientadas promovem o alongamento e o fortalecimento muscular, favorecem melhor desempenho motor e interferem de maneira positiva com relação ao desenvolvimento emocional e social.
     Natação, dança, ginástica, futebol, equitação ou outras atividades esportivas são, indiscutivelmente, muito mais benéficas para determinado grupo de crianças do que tratamentos fisioterápicos realizados dentro de um hospital ou centro de reabilitação.
    Treinamento nas Atividades de Vida Diária
   Atividades de vida diária (AVDs) são atividades do dia-a-dia de uma pessoa. As AVDs incluem alimentação, vestuário, higiene, mobilidade, locomoção, comunicação e demais atividades realizadas tanto em casa quanto na vida comunitária (escola, trabalho e lazer).
Um grande número de crianças com paralisia cerebral apresenta dificuldades para a realização das AVDs e, dependendo do grau das limitações motoras, técnicas de execução, adaptações, e o uso de dispositivos especiais poderão favorecer o desempenho nessas atividades.
     As crianças com envolvimento motor moderado podem realizar muitas atividades de forma independente, mesmo estando ainda em idade pré-escolar, mas o ritmo e a maneira própria de cada uma devem ser respeitados.
     Para as crianças com acometimento motor grave, faz-se necessário, muitas vezes, o uso de adaptações, como por exemplo, talheres com cabo engrossado, copos com canudos e alças largas para facilitar a preensão e pratos com ventosas.
    Com relação ao vestuário, a criança pode descobrir com os pais e a ajuda dos profissionais que a assistem as posições que facilitam um maior grau de independência e os tipos mais apropriados de roupas e calçados. As roupas devem ser largas, confeccionadas em tecidos leves e fechadas com zíper, velcro ou botões grandes. O uso de calçadeiras e ganchos com cabos alongados favorecem maior independência para calçar e vestir. Cadeiras especiais, esponjas com cabos alongados ou fixadas nas mãos, fixadores para sabonetes ou frascos de xampu auxiliam o banho. O piso do banheiro deve ser anti-derrapante e as pias e os vasos sanitários, instalados de maneira a serem facilmente alcançados pelas crianças. Em algumas circunstâncias, recomenda-se ainda a instalação de barras laterais ou dianteira para a criança apoiar-se, no local de banho e do vaso.
     Quanto à locomoção, as crianças com envolvimento motor grave necessitam carrinhos especiais ou cadeiras de rodas adaptadas. As principais adaptações são cintos de segurança, tábua-mesa para alimentação e atividades pedagógicas e assentos feitos de espuma especial, moldados individualmente de maneira a oferecer apoio para o tronco e a cabeça. Estas medidas facilitam a manutenção de uma postura mais funcional promovendo certo grau de relaxamento e facilitando os cuidados diários e algumas atividades com os membros superiores.
     Algumas crianças, principalmente as com movimentos involuntários, podem apresentar deficiências motoras graves, com incapacidade para realização de movimentos funcionais, e inteligência normal. Adaptações em móveis, alargamento de portas, modificações em banheiros e construção de rampas para permitir o acesso da cadeira de rodas são medidas importantes para que essas crianças possam adquirir maior grau de independência na escola.
     O principal objetivo do treinamento nas AVDs é que cada criança alcance seu potencial de realização das diversas atividades e, para que essa meta seja atingida é preciso que haja treinamento sistemático e uma boa integração entre a família, a escola e a sociedade. As visitas domiciliares e escolares são, portanto, importantes, pois conhecendo o meio em que a criança vive é possível planejar e sugerir as modificações necessárias para que possa haver maior grau de independência. A busca de orientação quanto às AVDs surge com o crescimento da criança. Mobilização, locomoção e transporte tornam-se mais difíceis e uma expectativa quanto à possibilidade de maior independência pode emergir tanto por parte da criança quanto dos pais. No entanto, mesmo conhecendo o potencial funcional do filho, os pais tendem a realizar as diversas atividades por ele. Esta atitude pode estar relacionada com o fato de que a criança, muitas vezes, gasta muito tempo para realizar uma determinada atividade. Além disso, expectativas com relação à normalização dos movimentos e aquisição de marcha podem ainda estar existindo. Entretanto, ao impedir que a criança realize, ela mesma, as atividades do seu dia, estaremos privando-a do prazer de fazer e da conquista da capacidade para realizar cada atividade.
     Meios Alternativos de Comunicação e Locomoção
    Muitas crianças com paralisia cerebral, apesar de terem inteligência normal, podem apresentar dificuldades de movimento tão graves que prejudicam a sua capacidade para falar, escrever e andar.
    As crianças com tetraplegia espástica ou coreoatetose apresentam dificuldade para articular a palavra - disartria. Muitas delas, apesar de entenderem a linguagem falada, têm grande dificuldade para a comunicação, pois por causa da disartria não se pode compreender o que elas tentam falar. Nesses casos, a comunicação só é possível através de gestos, expressões faciais e vocalizações. Em algumas crianças, o envolvimento motor é tão grave que até mesmo a expressão facial ou a linguagem gestual são prejudicadas, a ponto de somente as pessoas mais próximas serem capazes de compreendê-las.
     Alguns recursos alternativos com sistemas de linguagem e adaptações como apontadores de cabeça ou de queixo já foram desenvolvidos para ajudar na comunicação dessas crianças. Atualmente, as pesquisas em engenharia de reabilitação têm procurado cada vez mais utilizar o computador como recurso para o desenvolvimento de equipamentos, interfaces (dispositivos que permitem o acesso aos comandos do computador) e softwares que viabilizam a comunicação e o processo de alfabetização.
     Quanto à locomoção, nas formas graves de PC, a marcha independente não é possível ou determina gasto energético elevado. Portanto, dependendo do grau de envolvimento motor e do déficit de equilíbrio, auxílios para a locomoção, tais como andadores (posterior e anterior), bengalas canadenses, carrinhos ou cadeira de rodas podem ser necessários. Os andadores são recomendados para as crianças com déficit de equilíbrio ântero-posterior e látero-lateral, pois elas necessitam um apoio maior para a deambulação. As bengalas tipo canadense são geralmente indicadas para as crianças que não apresentam deficiência importante do equilíbrio látero-lateral. As crianças com diplegia grave ou com envolvimento total são dependentes da cadeira de rodas para a locomoção. As adaptações são muitas vezes necessárias para que se consiga um bom posicionamento na cadeira. Para as crianças menores, o meio de locomoção mais indicado seria um carrinho mais baixo do que a cadeira comum, possibilitando maior independência nas transferências, e que possa ser impulsionado pela própria criança.
     Tratamento da Espasticidade
     A espasticidade é a alteração do movimento observada quando os neurônios (unidades básicas do tecido cerebral) que controlam a ação muscular são lesados. Os músculos tornam-se tensos e os movimentos voluntários podem ser prejudicados.
     Muitos profissionais que se dedicam à área da reabilitação consideram que o tratamento da espasticidade pode amenizar as dificuldades de muitas crianças com PC. No entanto, nenhum dos recursos até então utilizados é perfeito. Muitas crianças podem melhorar em alguns aspectos, mas continuam com dificuldades para realizar o movimento. Muitos dos tratamentos, hoje disponíveis, estão ainda em nível de pesquisa. Isto porque, a real eficácia e os resultados a longo prazo não foram até o momento demonstrados. Isto faz com que certos tipos de abordagem permaneçam restritas a determinados grupos ou instituições que desenvolvem pesquisas na área médica. Além disso, outros fatores limitantes são o alto custo e principalmente os riscos de alguns meios de tratamento.
     Algumas medicações orais podem determinar uma melhora parcial por curtos períodos de tempo em algumas crianças. Mas, além dos efeitos indesejáveis, tais como sonolência, náuseas e vômitos, no caso do baclofen, e sonolência ou quadro de agitação em crianças menores, no caso do diazepan, o que se observa na maioria das vezes é pouca ou nenhuma reposta com relação à redução da espasticidade.
     A injeção de álcool diretamente num determinado músculo, reduz sua espasticidade e este efeito pode se prolongar por até seis semanas. Durante este período, algumas crianças entram num programa mais intensivo de atividades. Para outras, recomenda-se o uso de gesso ou talas. O que se procura alcançar trabalhando um músculo originalmente espástico, agora mais relaxado sob o efeito do álcool, é a melhora de um padrão de movimento ou a correção parcial de uma deformidade, evitando ou adiando a necessidade de cirurgia. Como a injeção muscular de álcool é dolorosa, o procedimento tem que ser feito sob anestesia.
     A toxina botulínica vem sendo cada vez mais usada. Apesar de cara, ela tem algumas vantagens em relação ao álcool: sua injeção não é tão dolorosa e o seu efeito é bem mais prolongado (3 a 6 meses). Quando o resultado observado com a primeira injeção é bom, às vezes se decide fazer injeções repetidas, a cada três ou seis meses, mas, neste caso, pode haver formação de anticorpos contra o antígeno da toxina, resultando em anulação do seu efeito.
     Uso de órteses
     As órteses são usadas principalmente com o objetivo de posicionarem melhor um segmento corporal e, desta forma, permitirem uma função melhor.
    Na presença de movimentos involuntários, não são recomendadas, porque os movimentos constantes produzem atrito entre a pele e a órtese, causando desconforto e podendo terminar em ferimentos.
Como regra geral, deve-se estabilizar o menor número de articulações possível. Quanto maior o número de articulações imobilizadas, maior a perda da performance e, além disso, alguns tipos de órteses podem enfraquecer os músculos, aumentando a dificuldade de movimento.
     As principais indicações para o uso de órteses na PC são: (a) estabilizar articulações no período pós-operatório permitindo a marcha precoce; (b) manter os ganhos de amplitude de movimento articular obtidos após trocas sucessivas de gesso, manipulações ou bloqueios mioneurais; e (c) estabilizar ou melhorar o posicionamento de segmentos corporais com deformidades dinâmicas (não estruturadas) ou pequeno grau de estruturação objetivando melhorar a função.
     As órteses somente devem ser prescritas quando o objetivo é melhora da função. Se mal indicadas ou mal confeccionadas, podem trazer prejuízos à criança. Uma vez iniciado o uso, devem ser constantemente revisadas, não somente pela necessidade de modificações à medida que a criança cresce, mas também para reavaliação dos benefícios reais em termos funcionais. Em algumas situações, para se evitar gastos desnecessários, os efeitos da imobilização de uma articulação podem ser testados com uma tala de gesso antes de ser solicitada a confecção da órtese.
     Cirurgias Ortopédicas
     A paralisia cerebral é uma condição não progressiva, mas o quadro motor e funcional pode se modificar com o crescimento. Nas crianças espásticas, o desenvolvimento de deformidades articulares é comum, devido ao encurtamento muscular, mas a correção de uma deformidade nem sempre implica melhora funcional.
     A espasticidade prejudica o movimento voluntário. A criança está então impedida de se movimentar normalmente e, como ela não se movimenta, o músculo encurta. Quanto mais grave a espasticidade, maior o encurtamento muscular e mais graves as deformidades.
     Algumas deformidades podem ser tratadas cirurgicamente, mas se mal indicados, certos procedimentos podem inclusive terminar em perda da capacidade para andar. E esta não é uma situação incomum. Um bom resultado de tratamento cirúrgico depende do emprego de uma técnica correta, aplicada no momento certo, ou seja, quando a criança está neurologicamente pronta para atingir mais um marco do seu desenvolvimento e não o faz por causa de uma deformidade músculo-esquelética que pode ser tratada.
     Em uma criança com bom prognóstico para a marcha, consideramos que o momento ideal para se programar a cirurgia será quando ela já tiver estabelecido o seu padrão de marcha, o que geralmente ocorre entre seis e sete anos de idade. Antes desta idade, o preferível é deixar que a criança explore o ambiente, da maneira mais livre possível permitindo, assim, que ela seja ser ativo do seu próprio processo de desenvolvimento. Determinadas cirurgias, se realizadas precocemente, podem atrasar o desenvolvimento devido a imobilizações prolongadas. Além disso, a possibilidade de recidiva com o crescimento e os riscos de hiperalongamento ou inversão da deformidade serão maiores. A realização de um segundo procedimento em uma mesma articulação será sempre mais difícil.
     Um outro problema com o qual nos deparamos, é que na maioria das vezes, uma deformidade não se apresenta isoladamente. Ela determina um certo desequilíbrio e acaba por produzir outras deformidades, chamadas de secundárias. Muitas vezes, é difícil saber se uma deformidade é primária ou secundária.
     Alguns ortopedistas com experiência em tratamento de crianças com PC defendem a idéia de que os programas cirúrgicos devem ser elaborados de maneira a corrigir as várias deformidades em um só tempo. Eles consideram que os resultados de procedimentos que envolvem somente uma articulação são imprevisíveis, e que qualquer deformidade residual pode produzir deformidades secundárias ou induzir a recorrência de deformidades antigas em articulações adjacentes. Outras vantagens deste tipo de abordagem seriam a redução do tempo de internação, e principalmente do número de exposições a anestésicos e outras situações que, de uma ou outra maneira, podem interferir negativamente com relação à dinâmica familiar e ao desenvolvimento da criança. Mas, nesses casos, a criança deve ser muito bem estudada antes de se tomar a decisão de operar. O risco de estarmos corrigindo mecanismos compensatórios e não o mecanismo primário que está determinando as alterações na marcha deve ser considerado.
     A cirurgia faz parte de um programa global de tratamento. Na maioria das vezes, os programas são decididos em equipe e tanto o estágio do desenvolvimento motor em que a criança se encontra quanto aspectos cognitivos e emocionais que possam interferir no pós-operatório são levados em consideração. A avaliação da marcha em laboratório de movimento nos ajuda a compreender melhor as alterações primárias do movimento, distinguindo-as dos mecanismos compensatórios. Além disso, o exame de marcha fornece informações quanto à atividade elétrica dos músculos em movimento, facilitando a compreensão dos mecanismos que geram as deformidades.
     A maioria das cirurgias ao nível dos membros inferiores tem sido indicada com os seguintes objetivos: (a) correção de deformidades estruturadas que estão impedindo maior independência ou prejudicando a função; (b) melhora do padrão de marcha diminuindo o gasto energético e tornando a marcha mais funcional; (c) prevenção da dor, principalmente ao nível dos quadris; (d) facilitação da higiene e outros cuidados. O que se procura com a cirurgia ortopédica é, na maioria das vezes, aumentar a amplitude de movimento de uma articulação através de tenotomias, alongamentos ou transferências de músculos ou tendões. Os procedimentos cirúrgicos mais freqüentemente realizados nas crianças que adquirem a marcha são: alongamento dos flexores mediais do joelho, liberação distal do reto femoral e alongamento do tendão de Aquiles.
     Antes da cirurgia, a família recebe explicações claras quanto ao procedimento, objetivos que se quer alcançar e os cuidados pós-operatórios. A criança é também orientada e o tema da cirurgia é abordado por uma terapeuta e uma psicóloga através de atividades lúdicas. O tempo de internação é curto. Os pais são orientados quanto aos cuidados gerais, posicionamento e exercícios que podem ser realizados em casa. Após a retirada do gesso o programa de atividades físicas passa a ser mais intenso. Nesta fase, a hidroterapia ou atividades desenvolvidas na água contribuem para a recuperação dos movimentos. Os pais continuam participando do processo de reabilitação e é importante que tanto a criança quanto a família compreendam que meses poderão se passar até que a fraqueza muscular pelo desuso seja vencida. A partir de então os resultados funcionais da cirurgia poderão ser avaliados.
     Educação
     Dependendo do potencial cognitivo, ou seja, da capacidade para aprender, uma criança com PC pode estar apta a freqüentar a escola regular em classe compatível com sua faixa etária.
     As crianças com tetraplegia espástica geralmente apresentam envolvimento cognitivo grave. Crianças com outros tipos de PC apresentam deficiência cognitiva leve ou moderada e podem frequentar o ensino especial.     
    Algumas crianças, apesar de mostrarem capacidade para aprender, necessitam ensino especial devido a distúrbios sensoriais. Algumas das instituições citadas possuem modalidades de atendimento especializado para crianças com deficiência visual ou auditiva.
    Quando o envolvimento motor é importante, a escola deve considerar e respeitar limitações como escrita lenta ou dificuldade para a fala. Nessas situações, a escola deve encontrar estratégias que possam viabilizar a aprendizagem. Qualquer limitação motora pode ser minimizada através de recursos didáticos compatibilizando aprendizagem e dificuldade de movimento, ou de meios alternativos oferecidos pela engenharia de reabilitação.
     Aspectos Psicossociais
     Em uma criança com deficiência física, a exploração e a manipulação dos objetos, a locomoção, e a interação com a família não podem acontecer normalmente. Isto faz com que o desenvolvimento da criança com certos tipos de PC ocorra de uma maneira diferente. A impossibilidade para correr, jogar bola, e andar de bicicleta vai aos poucos dando à criança a noção de "ser diferente". Na idade escolar, muitas delas já estão conscientes de suas dificuldades e poderão necessitar de ajuda para melhor lidarem com os sentimentos de tristeza ou as diversas perdas ocasionadas pela condição de "ser diferente".
     Uma criança com PC apresenta necessidades específicas em cada etapa do seu desenvolvimento. Por exemplo, durante os seis primeiros meses de vida, predominam as necessidades com relação aos cuidados médicos - avaliações clínicas, realização de exames complementares, orientações sobre a patologia, aconselhamento e apoio aos pais. Durante a primeira infância, um dos principais objetivos do acompanhamento passa a ser a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor. À medida que a criança cresce, vão surgindo as necessidades relacionadas com a inserção social, como maior grau de independência, escolarização, orientação vocacional e reforço do suporte psicológico à criança e à família nos momentos críticos.
     Em determinadas etapas do desenvolvimento, além dos programas de reabilitação e do acompanhamento médico em esquema ambulatorial, muitas crianças necessitam repetidas hospitalizações ou intervenções cirúrgicas. A rede de apoio social formal (serviços e recursos da comunidade, incluindo as relações com profissionais de saúde) e informal (relações com amigos e familiares) é importante no que se refere ao processo de adaptação dos familiares à deficiência. No que diz respeito à rede de apoio formal, ela nem sempre é eficaz. É comum haver um grande número de profissionais, de diferentes serviços, envolvidos no acompanhamento da criança. Estes profissionais, muitas vezes, apresentam condutas divergentes entre si, acarretando insegurança aos pais quanto à escolha e tomada de decisões com relação ao tipo de cuidados e tratamento da criança. Além disso, a inexistência ou precariedade de recursos de tratamento para determinados problemas representa mais uma fonte de estresse que interfere com o processo de adaptação da família à deficiência.
     O profissional que assiste a criança tem um papel importante na mediação do estresse familiar. Os pais necessitam de profissionais experientes que parem para ouvir as suas dúvidas e preocupações, passem as informações com sensibilidade e respeito e tenham consciência de suas limitações.
A melhora da criança com PC é lenta e demanda um constante equilíbrio dos familiares e dos profissionais, entre o que se quer e o que é possível, e cabe à equipe que trata da criança uma atitude de apoio aos familiares com o objetivo de fortalecê-los para que possam realizar os cuidados adequados e enfrentar as dificuldades que acompanham o processo de ajustamento à deficiência. Este processo torna-se mais fácil quando pais e profissionais de saúde trabalham em busca dos mesmos objetivos.

Desordens Associadas

     O termo paralisia cerebral implica alterações do movimento, mas a presença de outros distúrbios deve ser investigada e o sucesso do tratamento depende da abordagem correta de todos os problemas associados.
     Retardo Mental
    A avaliação da função intelectual em crianças com certos tipos de envolvimento é difícil, porque a maioria dos testes normalmente aplicados para avaliar o desenvolvimento cognitivo requer respostas verbais e motoras, e um julgamento baseado apenas nas impressões iniciais pode levar a uma conclusão incorreta.
Muitas crianças com disartria grave, a princípio consideradas como intelectualmente deficientes, a partir do momento em que puderam se comunicar utilizando meios alternativos, foram reconhecidas como sendo muito mais capazes intelectualmente do que se supunha. De qualquer maneira, a alta incidência de alterações cognitivas em alguns tipos de PC é reconhecida. O retardo mental é mais comumente observado nas crianças com tetraplegia espástica.
     Epilepsia
     Os neurônios (células nervosas) estão permanentemente gerando impulsos elétricos. Esta atividade elétrica ocorre, normalmente, de uma maneira organizada. Quando certos grupos de neurônios entram em atividade excessiva e hipersincrônica, ou seja, quando vários neurônios entram em atividade elétrica ao mesmo tempo, ocorre um distúrbio do funcionamento do sistema nervoso central. Estes episódios de descarga elétrica anormal são chamados de crises epilépticas. Estas crises podem evoluir com hiperextensão e contrações musculares (convulsões), perda súbita do tônus muscular, perda ou alteração temporária da consciência e alteração temporária do comportamento.
    Uma criança em crise pode apresentar os seguintes sinais: contrações musculares generalizadas ou localizadas, movimentos rítmicos com a cabeça, desvio do olhar para cima ou para o lado, movimentos rápidos de piscar os olhos, movimentos mastigatórios, ausência de resposta a uma solicitação verbal, episódios breves de olhar parado ou vago, ou crises de medo.
    Quando existe dúvida quanto à possibilidade da criança estar apresentando qualquer um desses sinais, o melhor a fazer é registrar as alterações observadas procurando descrever o sintoma, que parte do corpo envolveu, a hora em que ocorreu e quanto tempo durou. Somente o médico, muitas vezes com o auxílio do eletroencefalograma (EEG), pode confirmar se a criança está realmente apresentando crises e orientar o tratamento correto. O EEG pode ser visto como uma extensão do exame neurológico e o que ele registra é basicamente a atividade elétrica expontânea do cérebro. Muitas vezes, mesmo para o pediatra ou neurologista, é difícil definir se as crises são realmente epilépticas ou se estão relacionadas com outros tipos de distúrbio. Nesses casos, os estudos feitos com EEG prolongado e vídeo podem esclarecer o diagnóstico.
     Além da epilepsia, muitas outras condições podem determinar crises convulsivas isoladas tais como desidratação grave, hipoglicemia, infecções cerebrais ou intoxicações. O que caracteriza a epilepsia é a repetição de crises não provocadas, ou seja, não determinadas por um processo patológico agudo.
     A Liga Internacional contra a Epilepsia classifica as crises em generalizadas e parciais. As generalizadas envolvem o cérebro como um todo. As parciais permanecem restritas a uma certa área do cérebro e os sintomas dependem da área envolvida. Uma criança com PC pode apresentar qualquer tipo de crise.
     A crise do tipo tônico-clônica generalizada é a que mais preocupa os pais ou outras pessoas que a presenciam, mas na maioria das vezes ela é auto-limitada e para em dois a dez minutos. Na presença de uma crise tônico-clônica generalizada, a criança deve ser protegida de traumas, as contrações musculares não devem ser contidas e a cabeça deve ser mantida em posição rodada lateralmente para evitar aspirações no caso de vômitos. Não se deve tracionar a língua ou introduzir qualquer objeto na boca da criança. A respiração pode alterar-se durante a crise, mas normaliza-se nos primeiros minutos. Quando a criança apresenta crises sub-entrantes, sem retomar a consciência entre uma e outra, ou uma crise tônico-clônica com mais de 20 minutos de duração, ela entra em estado de mal epiléptico (status epilepticus). O estado de mal epiléptico é uma emergência pediátrica.
     O tratamento da epilepsia deve ser introduzido assim que se faz o diagnóstico. Nas fases iniciais do tratamento com anticonvulsivantes, algumas crianças apresentam sonolência, mas esta reação tende a desaparecer ao final de um certo período. Qualquer reação deve ser relatada ao pediatra ou neurologista e algumas delas, como irritabilidade ou as de tipo alérgico justificam a substituição do anticonvulsivante. Quando as crises são controladas, melhora tanto motora quanto cognitiva pode ser observada e, mesmo tendo cessado as crises, o tratamento deve ser mantido por, no mínimo, dois ou três anos. Uma vez iniciado o anticonvulsivante, a dose somente deve ser alterada conforme orientação médica. A suspensão súbita da medicação pode desencadear estado de mal epiléptico com possibilidade de agravamento do quadro neurológico. Algumas formas de epilepsia são resistentes ao tratamento com anticonvulsivantes
     Alterações Visuais
     Quando a criança nasce, o seu sistema visual não é ainda maturo. A fóvea, parte da retina responsável pela acuidade visual, não está completamente desenvolvida. As células desta região passam por um processo de crescimento e organização e somente alcançam a maturidade por volta dos quatro anos de idade. Normalmente, em torno dos três meses de vida, a criança já é capaz de fixar e acompanhar um objeto em movimento, mas a visão binocular se desenvolve somente entre o terceiro e o sétimo mês.
     Na PC, o estrabismo é frequente. Catarata (opacidade do cristalino), coriorretinite (inflamação da coroide e da retina) e glaucoma (aumento da pressão ocular) são desordens oculares comumente encontradas nas infecções congênitas.
     Aproximadamente 2/3 dos prematuros de peso abaixo de 1250g desenvolvem algum grau de retinopatia do prematuro. Nos prematuros, o oxigênio usado para tratar a síndrome de esforço respiratório pode alterar o crescimento dos vasos sanguíneos da retina, predispondo a miopia, estrabismo e glaucoma. Nos casos mais graves, uma cicatriz fibrosa descola a retina do fundo do olho determinando perda da visão. Mesmo se tomando todas as medidas para prevenir a retinopatia do prematuro, ela pode ocorrer, e por este motivo, todos os prematuros tratados com oxigênio devem ser referidos para avaliações oftalmológicas periódicas durante os primeiros meses de vida.
     A córtex visual é a região do lobo occipital responsável pela recepção e decodificação da informação enviada pelos olhos. Uma lesão nesta área pode determinar perda visual que neste caso é chamada de deficiência visual cortical (DVC). As causas mais frequentes de DVC são hipóxia, infecções do sistema nervoso central, traumatismo crânio-encefálico e hidrocefalia. Os testes eletrofisiológicos completam a avaliação clínica e podem determinar se a causa da deficiência visual está nos olhos ou no cérebro. O eletrorretinograma avalia a função retiniana e o potencial evocado visual avalia as vias nervosas do olho até a córtex visual. Na DVC, apesar dos testes iniciais indicarem deficiência importante, muitas crianças desenvolvem alguma função visual e a estimulação favorece de alguma maneira o desenvolvimento da visão.
     É importante fazer a diferença entre DVC e atraso da maturação visual nas crianças que apresentam resposta inadequada aos estímulos visuais. As crianças com atraso da maturação visual, geralmente, não têm história de problemas durante a gestação ou o nascimento e têm exame oftalmológico normal, embora possam apresentar algum atraso do desenvolvimento psicomotor. O prognóstico é bom, ocorrendo melhora espontânea da função visual com o desenvolvimento da criança.
     Todas as crianças com diminuição da resposta aos estímulos visuais ou alterações oculares devem ser avaliadas por oftalmologista interessado no diagnóstico e tratamento das doenças oculares infantis.
     Deficiência Auditiva
    Algumas crianças com paralisia cerebral têm deficiência auditiva e o diagnóstico precoce é importante porque no primeiro ano de vida, a experiência de escutar a fala humana orienta a formação de conexões nervosas em nível encefálico relacionadas à capacidade de linguagem e comunicação oral. A privação sensorial, nessa fase, pode comprometer o desenvolvimento dessas conexões. Alguns estudos em crianças com deficiência auditiva demonstraram que, mais do que o grau da deficência, o diagnóstico e a intervenção precoce (marcadamente até os 6 meses de idade) foram o melhor fator prognóstico para a aquisição da linguagem.
     Na década de 80, o Comitê Americano para Audição na Infância recomendava a triagem neonatal para todas as crianças de risco (infecções congênitas, malformações do pavilhão auricular, face ou pálato, peso ao nascer inferior a 1500g, hiperbilirrubinemia neonatal grave, meningite bacteriana, asfixia perinatal e uso de medicações tóxicas para o ouvido). Contudo constatou-se que investigar apenas as crianças de risco permite identificar somente cerca de 50% dos casos de deficiência auditiva. A partir de 1994 foi proposta então a Triagem Auditiva Neonatal Universal.
     Os métodos propostos para esta triagem são o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (Brainstem Evoked Response Audiometry - BERA) e as emissões otoacústicas evocadas ('teste da orelhinha'), ditas fisiológicas, porque não é necessária uma resposta comportamental da criança para a interpretação do resultado. O primeiro teste consiste na medida eletrofisiológica do nervo auditivo e das vias auditivas no tronco encefálico para diferentes tipos de sons e o segundo no registro da resposta sonora natural apresentada pelas células ciliadas da cóclea a um estímulo sonoro. São métodos rápidos, não invasivos e de fácil aplicação. Um resultado anormal não é conclusivo para o diagnóstico de deficiência auditiva, mas indica a necessidade de avaliação audiológica completa em serviço especializado.
     O diagnóstico precoce de deficiência auditiva possibilita a intervenção precoce favorecendo o processo de aprendizagem. O programa de tratamento pode englobar uso de amplificadores, implante coclear, linguagem de sinais e treinamento da fala.
     Dificuldades para a Alimentação
     Desordens da sucção, mastigação e deglutição são comuns nas crianças com envolvimento total. Todos estes fatores contribuem para uma ingesta alimentar abaixo das necessidades. Além disso, muitas crianças com limitações motoras são mantidas por longos períodos com dietas próprias para bebês. A oferta monótona de certos tipos de alimento, tais como, leite e derivados, farináceos ou sucos após os seis meses de idade pode determinar quadros de anemias carenciais (principalmente por falta de ferro), desnutrição e infecções de repetição. A criança desnutrida não cresce normalmente e sua resposta aos estímulos que promovem o desenvolvimento é prejudicada.
     A dieta deve ser planejada de acordo com as características clínicas e as limitações de cada criança. Por exemplo, para facilitar a deglutição e reduzir o refluxo de parte do conteúdo gástrico para o esôfago, recomenda-se manter a criança com a cabeça e o tronco em posição semi-elevada durante e por alguns minutos após cada refeição. Nas crianças com refluxo gastroesofágico, as refeições devem ser de menor volume e oferecidas em intervalos de tempo menores para que não haja prejuízo do total de nutrientes ingeridos em um dia. As crianças com dificuldade para deglutir líquidos, devem ser alimentadas com pequenos volumes de dieta pastosa e de sucos engrossados com frutas e gelatinas, procurando-se assim manter um bom nível de hidratação.
     Constipação Intestinal
    Quanto mais tempo as fezes permanecem no colo, maior é a absorção de água e mais endurecidas elas ficam, resultando em constipação. A constipação intestinal crônica decorre de vários fatores, entre os quais pequena ingestão de fibras e líquidos, atividade física reduzida, e uso de medicações como antiácidos e certos antiepilépticos.
    A ingestão adequada de líquidos em geral, alimentos ricos em fibras tais como frutas (mamão, abacaxi, laranja com bagaço, ameixa preta, manga, melancia), verduras (principalmente as folhagens cruas), leguminosas (feijão, ervilha, lentilha) e alimentos integrais melhoram o funcionamento intestinal e são medidas que devem ser recomendadas se o colo (intestino grosso) ainda não estiver dilatado.
   Quando a constipação é grave e não se observa resposta às orientações iniciais, os alimentos ricos em fibras devem ser suspensos imediatamente e a possibilidade de megacolo deve ser investigada. O tratamento correto do megacolo (dilatação do intestino grosso) requer a orientação de um pediatra com experiência neste tipo de problema.